sábado, 26 de março de 2011

Os Contos De Belazarte


 
  Belazarte-alter ego de Mário de Andrade (1893-1945)-Tem sua origem nas Crônicas de Malazarte, publicadas pelo autor na revista América Brasileira entre 1923 e 1924.Reunidos em 1934,Os contos de Belazarte foram modificados pelo autor para a segunda edição,de 1944,até chegar à presente configuração.
  Na década de 1920,o Brasil ingressava com dificuldades na modernidade,e São Paulo era a porta para entrada dessa modernização tardia.Industrializando-se e urbanizando-se aos poucos,em muitos aspectos a cidade-e o país -continuava amarrada à tradição rural.
  É esse o contexto dos contos de Belazarte,que Mário de Andrade começou a publicar na revista América Brasileira ainda nos anos 20.Nessas narrativas,introduzidas sempre pela frase "Belazarte me contou" , o autor tentou tentou,segundo ele próprio,"grafar exatamente,com o mais contraditório realismo, as inconsequências da fala popular",pesquisa de linguagem de utilizaria em Amar, verbo intrasitivo (1926) e que chegaria ao ápice em Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928).
  O Narrador recolhe casos de periferia de São Paulo,distantes de sua própria realidade."Tristonho e Realista", como o qualifica Mário de Andrade,narra histórias de mães e filhos, de meninas que se tornam mulheres, das comunidades de italianos recém-imigrados, a outra face da sociedade urbana brasileira, representada em Amar, verbo intransitivo pela burguesia industrial. Ao mesmo tempo que encontramos em Belazarte as contradições da sociedade e da modernização,os contos se aproximam da angústia do homem preso em seu cotidiano sem brilho,desenraizado e muitas vezes coberto de sofrimento.
  O pessimismo dos Contos de Belazarte é um traço do narrador,que ganhou uma voz tão particular que o autor quase não reconhecia os textos  como seus. "Belazarte não sou eu", afirma Mário, invertendo a famosa defesa de Flaubert."Por isso tudo Belazarte existe e estes 'meus' contos ele é que os contou."Mas,certamente,é uma das faces do escritor plural que disse ser trezentos,trezentos e cinquenta."

                                                            Sthefany Rocha
Resenha de Literatura

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